Edit

Helena Antipoff

Helena Antipoff

Helena Wladimirna Antipoff nasceu em 25 de março de 1892 em Grodno, na Rússia. Filha do General Antipoff, diretor da Academia Militar e de Sofia Antipoff, professora de grego. Obteve o diploma do curso normal em 1909, em São Petersburgo, e depois mudou-se para a França, em razão da guerra. No novo país Helena se matriculou no curso de Ciências da Universidade de Paris, visando o curso de Medicina na Sorbonne. Frequentava seminários e procurava se inteirar das novidades na área científica, assistindo às aulas de Pierre Janet (1859 – 1947) e Henri Bergson (1859 – 1941) no Collège de France, o que despertou seu interesse pela psicologia. Estudou no laboratório de Alfred Binet (1857-1911) e Dr. Théodore Simon (1873-1961 entre 1909 e 1912, onde iniciou sua formação científica.

Em 1912, fez um estágio na Inglaterra na Saint Helen’s School. No ano de 1914, conheceu Edouard Claparède (1873-1940), e se mudou para Genebra, onde concluiu o curso de quatro semestres da Ecole des Sciences de L’Education e obteve seu diploma de psicóloga, iniciando-se, assim, uma nova etapa de sua vida no recém-criado Instituto Jean Jacques Rousseau (IJJR), na Suíça, foi professora da escola experimental Maison des Petits, trabalhando com o modelo da escola sob medida.

No ano de 1916, Helena voltou à Rússia onde seu pai tinha sido gravemente ferido em uma das batalhas da Primeira Guerra Mundial. Nesse período após cuidar do pai iniciou um trabalho com adolescentes sem-teto e desprotegidos. Ficou na Rússia até o 1923 como colaboradora científica da Estação Médico-Pedagógica de Petrogrado e de Viatka, dedicando-se ao diagnóstico psicológico e à elaboração de projetos educativos para a reeducação das crianças que tinham perdido a família em consequência da Guerra. Em 1918 conheceu o então jornalista Vítor Iretsky, com quem se casou, e, em 1919, deu à luz o pequeno Daniel, seu único filho.

Em 1924 vai para Alemanha para encontrar com seu marido que tinha sido deportado, tenta fazer os mesmos trabalhos que realizou na Rússia, mas não tem a mesma resposta, então faz apenas um trabalho para refugiados e no fim desse ano ela retorna para Suíça para se dedicar aos estudos com Claparède. Durante a sua permanência em Genebra, entre os anos de 1926 e 1928, publicou diversos artigos científicos em revistas especializadas. Nos seus trabalhos defende o Método da Experimentação Natural que utilizaria durante sua experiência de avaliação do desenvolvimento cognitivo na Rússia, sendo pioneira nesta matéria fora da União Soviética.

Em 1929, o professor Francisco Campos, na época então Secretário de Educação e Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, no governo de Antônio Carlos de Andrada, convidou Helena Antipoff para promover a mudança no desenvolvimento do ensino e apostava na renovação pedagógica, do sistema educativo de Minas Gerais. O Estado atravessava uma fase em que parecia indispensável que os ensinamentos de novas técnicas e concepções dos problemas pedagógicos viessem de países mais adiantados. Helena, chegou ao Brasil no mesmo ano, e fixou-se em Minas Gerais, com o objetivo de dar aulas de psicologia na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Belo Horizonte e logo reabriu o Laboratório de Psicologia da instituição com intuito de ampliar as pesquisas e identificar a realidade da educação mineira.

Todos os estudos de Helena sempre tiveram como base a Educação, a Psicologia e a união das áreas no ambiente escolar, e a utilização da Psicologia como ferramenta escolar para descobrir potenciais e níveis de desenvolvimento mental. Junto aos trabalhos realizados na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte – MG, como professora de Psicologia, em 1932, criou a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais junto a um grupo de amigos de diversas áreas de atuação da cidade, com o propósito de ajudar os excepcionais, tendo como primeiro espaço de atendimento o consultório médico-pedagógico.

No ano de 1934, houve a expansão do trabalho com a criação do Pavilhão de Natal e o Instituto Pestalozzi, trabalhos que culminaram no Complexo Educacional da Fazenda do Rosário, em 1939, que tinha como proposta formação de professores, atendimentos aos excepcionais orgânicos e sociais e educação do campo. Em 1947, Helena começou a luta pelas crianças do campo. A convite do Governador Milton Campos e do Secretário de Educação Abgar Renault para cuidar do ensino rural, chefiou o SOTER (Serviço de Orientação Técnica de Ensino Rural) na Secretaria de Estado da Educação. Instalou-se na Fazenda do Rosário, criando os cursos de treinamento de professores rurais e a Escola Sandoval Soares de Azevedo – (ESSA), para formar professores rurais, em regime de internato. 

Mais tarde criou o ISER para formar professores para as escolas normais rurais e o Instituto Superior de Educação Rural (ISER) que, em 1970, foi transformado em Fundação (FEER), hoje (FHA) – Fundação Helena Antipoff. Foi, também, sua grande preocupação a realização de eventos socializadores, com vistas à educação integral, tais como: festa do milho, festas juninas e outras.

No ano de 1944, Helena Antipoff rompeu seu contrato com o governo mineiro e recebeu o convite do Rio de Janeiro para trabalhar no Departamento Nacional da Criança, e lá permaneceu até 1949. Trabalhou no Ministério da Educação e Saúde e ajudou na criação da Sociedade Pestalozzi do Brasil – RJ e do Centro de Orientação Juvenil (COJ). Também desenvolveu cursos para pessoas com deficiência, em especial pessoas com deficiência intelectual. Dentro do Ministério da Educação e Saúde, atuou no Departamento Nacional da Criança.

Na década de 1950 ampliou os estudos, promoção de cursos e pesquisas na área da educação especial e do campo, auxiliou na criação das Apaes, atuou na criação de cursos da UFMG, conseguiu parcerias que garantiu formação para professores do Brasil todo e foi uma das idealizadoras da Cademe e do Cenesp, que orientou de perto Sarah Couto.

Ainda na década de 1950 começou a defender a necessidade de se criar uma federação das Sociedades Pestalozzi que congregasse os esforços e experiências das diversas instituições que defendiam os ideais Pestalozzianos. Porém, apesar da sua considerável influência e das inúmeras reuniões realizadas, o projeto só ganhou adeptos em número suficiente em 1970, e em agosto daquele ano, após convocação de todas as entidades Pestalozzi, foi fundada no Rio de Janeiro a Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi (Fenasp). 

A Fenasp assumiu desde então a promoção da expansão das instituições, providenciando apoio técnico às instituições que a integram e advogando uma política de educação adequada para pessoas com deficiência. A criação da Fenasp deu corpo a um ideal de Helena Antipoff e reforçou substancialmente o movimento pestalozziano brasileiro. Em 1974, Helena Antipoff foi coroada com o Prêmio Henning Albert Boilesen, de Educação e Cultura, tendo utilizado o dinheiro para implantar um laboratório de investigação ecológica na Fazenda do Rosário. 

Helena Antipoff faleceu na Fazenda do Rosário a 9 de agosto de 1974, deixando um legado de grande educadora que marcou não só aqueles que conviveram com ela, mas a sociedade em geral. À sua obra deve-se uma nova visão das questões relacionadas com a educação, e em especial com a educação especial. Como diz a mensagem escrita no mural que lhe serve de memorial na sede da Fundação Helena Antipoff, em Ibirité: Uma vida destinada a felicidade de outras vidas. 

 

Se inscreva em nossa Newsletter.

Receba sempre em seu e-mail as últimas notícias e novinadades do Centro Histórico Sarah Cesar.

"A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade."

Johann Heinrich Pestalozzi