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Lizair Guarino

Lizair Guarino

Lizair de Moraes Guarino nasceu em 1930, em Rio Bonito-RJ. Formada em Direito pela Faculdade de Direito de Niterói e em Administração de Empresas. Filha do médico e político Dr. Luiz Guarino, com quem aprendeu a difícil arte da política em sentido mais preciso, aquele do trato da coisa pública, da vida em coletividade.

Já casada com o professor de Direito Camilo Guerreiro, teve uma vida social e política intensa, e foi mãe de três filhos, Camilo, Luiz José e Liza Maria, participando intensamente da vida social da cidade de Niterói, resolve, entretanto, dedicar-se à causa de pessoas necessitadas.

Ingressou no ano de 1959, na Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro, situada no bairro de Pendotiba, em Niterói, para onde transferiu o prestígio que a convivência social lhe conferira. Assumiu a Presidência da Instituição de 1963, com decisão e resistência, começou a modificar a realidade da sociedade, conseguindo ampliar sua capacidade de serviço à comunidade.

Naquela época a Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro dispunha, de uma grande área cedida pela Pestalozzi do Brasil, de apenas um serviço para 20 crianças excepcionais que eram atendidas por uma pequena equipe de professores.

Sempre envolvida com seus talentos e sua notável percepção preferia atividades que exigiam concentração e abnegação. Não agia para causar impressão, trabalhava por resultados que decorriam naturalmente de seu senso de observação e cuidadosa análise. Seu objetivo era com a realização de conteúdos e que resultassem sempre na melhor forma. 

Nas décadas de 1950 e 1960 mobilizou a cidade de Niterói através de concursos sociais, voltada para a causa das pessoas com deficiências, exerceu vários cargos no Brasil, como o de diretora do Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp), e de assessora especial para Assuntos de Deficiência, junto ao Ministério da Educação.

Em Niterói, foi a Responsável pela implantação da Assistência Social, ocupando o cargo de Secretária. Lizair de Moraes Guarino também foi presidente do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência. Tendo ocupado cargos na administração municipal, teve a oportunidade de implantar um sistema de creches, de fomentar a atuação das Associações de Moradores, de mobilizar as instituições voltadas para o apoio às demandas sociais. 

Conhecedora da realidade local, começou a desenvolver uma intensa luta junto às autoridades governamentais no sentido de sensibilizá-las com os problemas enfrentados pela Pestalozzi. Sua participação no movimento pestalozziano coloca-a em contato com personalidades mobilizadas pelas causas sociais, como Helena Antipoff, Odylo Costa Filho, Sarah Couto Cesar, dentre outras, o que favoreceu a ampliação de sua consciência e um conhecimento maior quanto às dificuldades e às ações necessárias para enfrentar os problemas e abrir caminhos no encontro de soluções realizáveis. 

No ano de 1970, assumiu a presidência da Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi (Fenasp). Foi diretora-presidente da Escola Superior de Ensino Helena Antipoff, editora do Jornal Pestalozzi, integrante do Conselho Nacional de Assistência Social e do Conselho Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência. 

Profundamente interessada na causa dos menos favorecidos, nunca deixou de lutar pelos direitos das pessoas com deficiências. Tornou-se, assim, uma defensora imbatível no campo da excepcionalidade no Brasil. Assim, em 1981, fez criar a Comissão Municipal de Apoio ao Deficiente – Comade, foi conselheira de Administração da Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor e foi integrante do Conselho de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense.

Ao assumir a direção da Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi, o número de Sociedade Pestalozzi no país cresce de 9, em 1966, para 31 em 1976, 78 em 1986 e atingiu cerca de 200 em 1994. A Fenasp incluía os ideais: “integração, envolvimento comunitário, formação da cidadania através de atividades que transmitisse e assim fortalecerem as pessoas no sentido de encontro de soluções adequadas aos seus contextos”.

Todo esse trabalho foi significativo pelo aumento das Associações pelo país, mas também pelo incremento no atendimento às comunidades carentes onde, através da preparação de recursos humanos, Lizair conseguiu levar a distantes regiões do país conhecimentos que alavancaram a verdadeira transformação da realidade brasileira.

Sempre lutou pela participação mais ativa e direta dos Governos, apontando com coragem os óbices e ausências de ação governamental junto às comunidades carentes. Participou de todas as reformas e reformulações que ocorreram nas legislações referentes ao apoio às pessoas e instituições voltadas para o atendimento dos portadores de necessidades especiais.

A nível do Governo do Estado do Rio de Janeiro fez criar a Comissão Estadual de Apoio ao Deficiente e integrou o Conselho Estadual de Apoio ao Deficiente e integrou o Conselho Estadual da Pessoa Deficiente. Exerceu vários cargos na administração pública, tanto na esfera federal, estadual e municipal, destacando-se pela capacidade reformuladora e decisão nas ações. Criou um Comitê Presidencial, integrado por 50 pessoas de notório saber e ligadas à questão de deficiência. Aí, exerce a função de Secretária Executiva, e elaborou um plano de Ação Conjunta Interministerial.

Dos estudos realizados o Cenesp foi transformado em Secretaria de Educação Especial do MEC, o qual Lizair Guarino, ocupou o cargo de Secretária. Com ação mais ampla, criando-se também a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE).

Além disso, criou na área da SPERJ um Centro Agroecológico e uma Escola de 3º grau, a Escola Superior de Ensino Helena Antipoff, destinada a preparar fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Ainda, sua ação vê-se ampliada com a oferta de cursos de pós-graduação na área da Psicomotricidade e na Docência Superior.

Como homenagem das mais significativas que recebeu está na denominação da principal área onde se concentram os serviços da Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro: Complexo Médico-Educacional Lizair Guarino.

Sua vivência e acumulada experiências com os problemas, dos mais variados matizes, enfrentados pelas pessoas na esperança de conduzir uma vida mais amena, fez com que transformasse o sofrimento em atitude estética. Ingressou no mundo da poesia publicando uma coletânea de poemas, “Poemas da Intermitência”.

 

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"A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim de ação. É atividade."

Johann Heinrich Pestalozzi